No espaço físico de uma delegacia de polícia de um município do
interior do estado do Rio Grande do Sul, duas acadêmicas do Curso de
Psicologia da URI, Sabrina Bitencourt e Chaiane Ayala, organizaram uma
sala onde um grupo de apoio psicossocial a mulheres vítimas de violência
vem se construindo desde o início do ano de 2016.
Como supervisora destas práticas de estágio em Psicologia Social e Institucional, juntamente com as acadêmicas, construímos este breve relato destas vivências, buscando chamar atenção para o fato de que este grupo, quinzenal, de livre adesão, vem congregando “múltiplas” mulheres: acadêmicas, policiais civis e mulheres da comunidade.
A partir do principal objetivo de promoção de um espaço de acolhimento e escuta, visando a potencialização da figura feminina na contemporaneidade, se vem constituindo estas práticas. Diversas dinâmicas, como textos significativos, desenhos, livre expressão/circulação da palavra, arte e vídeos vêm sendo utilizados como disparadores para as trocas e o acolhimento vivenciado por todas as participantes, indistintamente. Uma policial revela a “experiência de novos olhares sobre os atendimentos em seu Cartório”.
Já, às acadêmicas, para além dos tantos desdobramentos teóricos e práticos para sua formação, restam experiências potencializadoras de ações políticas que extrapolam o grupo constituído: participação na rede pública de saúde e assistência social de seu município, participação no GT de São Borja do CRP/RS; numa (re)leitura, a partir das aprendizagens partilhas, da comunidade onde se insere esta instituição de segurança pública. Pequenos grupos são essenciais para a compreensão das relações indivíduo-sociedade e, neste sentido, para a superação da condição individualista em direção à cidadania, a ações éticas de agentes conscientes de seu papel na produção da dignidade humana, bem-estar e da própria história; condições desejáveis para a/o profissional psicóloga/o. Neste sentido, temos visto revelada a fragilidade da rede prestadora de acolhimento a pessoas e coletivos em situação de alguma vulnerabilidade, a quase ausência de efetivas políticas públicas para o acompanhamento tanto das vítimas como de agressores, o fundamental papel desempenhado pela polícia civil no manejo e acolhimento a esta parcela da população; papel este que se materializa quando, em busca do campo de estágio, o delegado responsável apóia, viabiliza e valoriza as práticas destas acadêmicas junto à Delegacia de Polícia Civil.
O trabalho em grupo gera o que chamamos de processo grupal, onde as intervenções possibilitam a significação das vivências das participantes, a elaboração de experiências, o compartilhamento da dor e dos mecanismos de superação.
O tempo é parceiro na gradativa construção do espaço de partilhamento e confiança, alívio do sofrimento, fala, escuta, que a todas as participantes, indistintamente, vem promovendo no sentido de potencializar sua autonomia/construção subjetiva conjunta, na medida em que este grupo, constituído de múltiplas mulheres, vem discutindo a violência doméstica, as relações de gênero, o papel da mulher na contemporaneidade; rompendo paradigmas, construindo pontes interdisciplinares e intersetoriais que, de alguma forma, concretamente, retiram as mulheres que vivenciaram a violência de um lugar, muitas vezes, por elas mesmas assumido, para outro de produtoras de reflexões, de filósofas (pois, param a ação e refletem) na/ e para a sociedade onde estão inseridas. Relativiza-se a ciência e os papeis destinados a cada agente social e aquelas que sofrem/sofreram violência produzem saberes/fazeres relevantes para o tecido social.
A nós, acadêmicas e supervisora, resta continuarmos levando nossas subjetividades para serem pensadas junto, bem como estudarmos e prevermos ações baseadas nos principais marcos legais e políticas públicas como a Política Nacional para o Enfrentamento da Violência contra a Mulher, o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e o Pacto Nacional, bem como no que tange às discussões acadêmicas (disciplinas, pesquisas, transversalidade) referentes ao tema.
Sobre a Autora:
Anahy Silveira Freitas Azambuja possui graduação em Psicologia pela Universidade Católica de Pelotas
(1982) e Licenciatura em Formação de Docentes para a Educação Básica ela
URI (2013) , com formação, ao nível de pós-graduação Latu Sensu em
Psicopedagogia e em Psicologia Clínica. Atualmente, é professora nos
cursos de Psicologia, Direito, Ciências Contábeis, Administração de
Empresas e Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai
e das Missões, URI/ Câmpus de Santiago
Como supervisora destas práticas de estágio em Psicologia Social e Institucional, juntamente com as acadêmicas, construímos este breve relato destas vivências, buscando chamar atenção para o fato de que este grupo, quinzenal, de livre adesão, vem congregando “múltiplas” mulheres: acadêmicas, policiais civis e mulheres da comunidade.
A partir do principal objetivo de promoção de um espaço de acolhimento e escuta, visando a potencialização da figura feminina na contemporaneidade, se vem constituindo estas práticas. Diversas dinâmicas, como textos significativos, desenhos, livre expressão/circulação da palavra, arte e vídeos vêm sendo utilizados como disparadores para as trocas e o acolhimento vivenciado por todas as participantes, indistintamente. Uma policial revela a “experiência de novos olhares sobre os atendimentos em seu Cartório”.
Já, às acadêmicas, para além dos tantos desdobramentos teóricos e práticos para sua formação, restam experiências potencializadoras de ações políticas que extrapolam o grupo constituído: participação na rede pública de saúde e assistência social de seu município, participação no GT de São Borja do CRP/RS; numa (re)leitura, a partir das aprendizagens partilhas, da comunidade onde se insere esta instituição de segurança pública. Pequenos grupos são essenciais para a compreensão das relações indivíduo-sociedade e, neste sentido, para a superação da condição individualista em direção à cidadania, a ações éticas de agentes conscientes de seu papel na produção da dignidade humana, bem-estar e da própria história; condições desejáveis para a/o profissional psicóloga/o. Neste sentido, temos visto revelada a fragilidade da rede prestadora de acolhimento a pessoas e coletivos em situação de alguma vulnerabilidade, a quase ausência de efetivas políticas públicas para o acompanhamento tanto das vítimas como de agressores, o fundamental papel desempenhado pela polícia civil no manejo e acolhimento a esta parcela da população; papel este que se materializa quando, em busca do campo de estágio, o delegado responsável apóia, viabiliza e valoriza as práticas destas acadêmicas junto à Delegacia de Polícia Civil.
O trabalho em grupo gera o que chamamos de processo grupal, onde as intervenções possibilitam a significação das vivências das participantes, a elaboração de experiências, o compartilhamento da dor e dos mecanismos de superação.
O tempo é parceiro na gradativa construção do espaço de partilhamento e confiança, alívio do sofrimento, fala, escuta, que a todas as participantes, indistintamente, vem promovendo no sentido de potencializar sua autonomia/construção subjetiva conjunta, na medida em que este grupo, constituído de múltiplas mulheres, vem discutindo a violência doméstica, as relações de gênero, o papel da mulher na contemporaneidade; rompendo paradigmas, construindo pontes interdisciplinares e intersetoriais que, de alguma forma, concretamente, retiram as mulheres que vivenciaram a violência de um lugar, muitas vezes, por elas mesmas assumido, para outro de produtoras de reflexões, de filósofas (pois, param a ação e refletem) na/ e para a sociedade onde estão inseridas. Relativiza-se a ciência e os papeis destinados a cada agente social e aquelas que sofrem/sofreram violência produzem saberes/fazeres relevantes para o tecido social.
A nós, acadêmicas e supervisora, resta continuarmos levando nossas subjetividades para serem pensadas junto, bem como estudarmos e prevermos ações baseadas nos principais marcos legais e políticas públicas como a Política Nacional para o Enfrentamento da Violência contra a Mulher, o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e o Pacto Nacional, bem como no que tange às discussões acadêmicas (disciplinas, pesquisas, transversalidade) referentes ao tema.
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